Onde obter recursos financeiros
para inovação
Publicação: Brasil Econômico
Recentemente
foram publicados rankings das empresas mais inovadoras do Mundo. É interessante
notar que entre as dez mais inovadoras não há nenhuma das dez que mais investem
em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A prática da inovação evidencia que
não há correlação estreita entre montante investido e resultado das iniciativas
de inovação.
Essa constatação não desconsidera a necessidade de aporte de recursos para financiar os projetos inovadores. Para potencializar suas iniciativas inovadoras, as empresas têm buscado diferentes fontes de funding junto a órgãos de fomento, processos de compartilhamento de risco com clientes e fornecedores ou definindo um orçamento de inovação. Além destas opções, emergem como alternativa importante de recursos os incentivos fiscais disponíveis.
A Constituição Federal, em seu artigo 218, atribui ao Estado o dever de promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica. O Governo Federal vem há algum tempo concedendo uma série de incentivos fiscais nesse sentido. A chamada Lei do Bem (11.196/2005) e sua regulamentação reflete esta política e traz,em seu Capítulo III , uma série de benefícios fiscais
para empresas inovadoras.
Essa constatação não desconsidera a necessidade de aporte de recursos para financiar os projetos inovadores. Para potencializar suas iniciativas inovadoras, as empresas têm buscado diferentes fontes de funding junto a órgãos de fomento, processos de compartilhamento de risco com clientes e fornecedores ou definindo um orçamento de inovação. Além destas opções, emergem como alternativa importante de recursos os incentivos fiscais disponíveis.
A Constituição Federal, em seu artigo 218, atribui ao Estado o dever de promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica. O Governo Federal vem há algum tempo concedendo uma série de incentivos fiscais nesse sentido. A chamada Lei do Bem (11.196/2005) e sua regulamentação reflete esta política e traz,
Em
síntese, tais incentivos correspondem ao abatimento, da base de cálculo do
Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de grande
parte dos dispêndios atinentes às atividades de inovação.
Também
na hipótese de aquisição de equipamentos destinados a esse mesmo fim, poderá o
adquirente ver reduzido em 50% o IPI incidente sobre o bem. E embora não se
trate de um benefício fiscal, a empresa poderá ainda fazer uso da depreciação
integral relativa a maquinas e equipamentos destinados à atividade inovadora.
No caso do benefício concedido no âmbito federal, sua fruição é automática, independente de prévio ato concessório, mas exige, além da regularidade fiscal requisito fundamental para fazer uso dos incentivos fiscais da Lei do Bem, que a empresa seja tributada pelo Regime do Lucro Real.
O desafio para fruição de
tais benefícios tem demandando a conjugação de esforços de especialistas das
áreas jurídica, contábil e de inovação. É preciso dominar o conjunto de normas
que regem tais benefícios. Tanto erros de avaliação do que seja ou não
atividade inovadora quanto erros na escrituração podem, assim como uma má
interpretação da legislação, gerar relevantes prejuízos.No caso do benefício concedido no âmbito federal, sua fruição é automática, independente de prévio ato concessório, mas exige, além da regularidade fiscal requisito fundamental para fazer uso dos incentivos fiscais da Lei do Bem, que a empresa seja tributada pelo Regime do Lucro Real.
Cabe à empresa identificar suas atividades inovadoras, adequar suas práticas e, assim, abrir outras fontes de recursos para financiamento da inovação. Com o funding adequado e o domínio da cadeia de valor da inovação é provável que as empresas ampliem seus investimentos em P&D e obtenham os resultados almejados com as inovações.
Exemplo:
Nanotecnologia possibilita sapatos mais confortáveis e sem mau
cheiro
O velho problema dos odores
desagradáveis em calçados esportivos está prestes a ser superado graças à
nanotecnologia. Com sedes no Rio Grande do Sul e em São Paulo , a empresa
Dublauto tem desenvolvido inovações em componentes para calçados e têxteis que
utilizam a chamada "tecnologia das partículas anãs" com resultados
promissores. Das sete patentes requeridas pela empresa, três se originaram do
projeto aprovado no edital de Subvenção Econômica da Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep/MCT) de 2007.
As palmilhas e outros
componentes internos dos calçados têm como funções principais absorver o
impacto das pisadas e manter os pés secos e com uma temperatura adequada.
Com essa idéia na cabeça, os
engenheiros da Dublauto, em parceria com universidades, elaboraram a linha Du
Comfort, que inclui palmilhas e forros com nanopartículas que conferem ao
calçado um diferencial importante no mercado: o conforto, "um dos itens
que conferem mais valor agregado, tanto no mercado interno quanto
externo", afirma Evandro Wolfart, diretor de tecnologia da empresa.
A palmilha, batizada de
Sequinha, é constituída de três camadas montadas em uma estrutura única, na
qual é incorporada um tratamento nanotecnológico antimicrobiano, que previne o
mau cheiro e até algumas doenças, como o pé-de-atleta. Já o forro Dry Soft
absorve rapidamente o suor dos pés e o mantém longe do contato com a pele.
As
microcápsulas têm a função não só de evitar o mau cheiro como também agem como hidratante da pele, auxiliando
na cicatrização de pequenas fissuras, na regeneração das células e na ativação
da circulação sanguínea.
Pesquisas para a aplicação da
nanotecnologia no setor couro-calçadista já existem no Brasil há vários anos,
mas somente mais recentemente um número maior de inovações têm chegado ao
mercado e ainda há um potencial grande a ser explorado.
Segundo o professor
Valdir Soldi, do Laboratório de Substâncias Restritivas do Instituto Brasileiro
de Tecnologia de Couro, Calçados e Artefatos (IBTec), estruturado com recursos
da Finep, "embora ainda não seja usual, cada vez mais utilizam-se
materiais com características estruturais menores, com o objetivo de modificar
a resistência ou a estrutura", diz.
Sebrae
ajuda pequena empresa a desenvolver produto inovador
A
gigante mundial Microsoft já viveu seus dias de venture capital. A paulista
Noxt vai pelo mesmo caminho, e promete vencer. O trunfo é um desses inventos
que, depois de difundidos, levam as pessoas a questionar como era possível
sobreviver sem eles.
Quem já teve o CD player do carro furtado chega fácil ao
xis da questão. Foi exatamente essa experiência que levou os engenheiros
Roberto Carvalho, de 29 anos, e Daniel Kunzler, de 27, ao desafio de criar um
sistema de som automotivo à prova de ladrão. E não seria um som qualquer, mas o
melhor da tecnologia mp3. Também não seria uma diversão de ex-colegas dos
tempos de Engenharia em São
Carlos , mas o marco de uma bem-sucedida estratégia
empresarial.
"A
proposta sempre foi bem mais que uma ideia", explica Carvalho. "Vamos
disputar de igual para igual com grandes players." E foi assim, com
determinação, que em agosto de 2006 começaram a preparar o terreno. Detalharam
o plano de negócios, decididos a desenvolver também um protótipo. Seria o
"cartão de visita" para bater à porta de investidores e viabilizar
comercialmente o produto.
O resultado chegou mais rápido que o esperado. Com o apoio do
programa Sebraetec, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
em São Paulo
(Sebrae-SP), e da incubadora do Centro para a Competitividade e Inovação do
Cone Leste Paulista (Cecompi), em
São José dos Campos, a Noxt aprimorou
processos e azeitou o produto final. Entre as ações desenvolvidas com o suporte
do Sebrae-SP e da Fundação ParqTec de São Carlos, estão o novo design da caixa
metálica que compõe o transmissor e da central do produto, a ser instalada no
veículo. Além disso, foram desenvolvidas todas as embalagens em papelão e
sugerida a mudança da marca do equipamento, que de Cuk passou a se denominar
Moovi, nome com mais apelo comercial, reconhecem os sócios Carvalho e Kunzler.
Daí à capitalização do negócio foi um pulo.
"O
Sebrae-SP nos oferece as ferramentas, mas é preciso saber explorá-las",
alerta a dupla de empresários. "Não se vê burocracia na parceria. No
Sebraetec nosso projeto foi aprovado rapidamente", afirma Carvalho.
Hoje
a empresa contabiliza 15 investidores, que reforçam a aposta no ineditismo. A
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) também entrou
como órgão de fomento e fez o aporte para o desenvolvimento, por meio do
programa Pesquisa Inovativa na Pequena Empresa (Pipe). Em outra frente, o
Instituto ParqTec auxiliou no design e nas ações de comunicação visual.Com a
estrutura devidamente turbinada, a ideia ganhou nome e escala comercial e chega
ao varejo pelas redes de distribuição dirigidas ao setor automotivo.
Praticidade
e segurança
O
Moovi é um sistema composto por um transmissor e uma central. Mais nada. O
transmissor opera com tecnologia sem fio e é acoplado ao mp3 player ou a
qualquer outro equipamento com saída de áudio. Mas é na central que o Moovi
revela sua engenhosidade. É ela que responde pela captação, decodificação e
amplificação dos dados gerados pelo transmissor, a uma frequência de 2,4 GHz,
que impede qualquer possibilidade de interferência. O melhor é que fica
escondida, instalada em qualquer parte do carro, longe do alcance da visão - e
dos mal-intencionados. Outra vantagem é a portabilidade - palavra de ordem no
mundo da tecnologia. Com design que reflete modernidade, o Moovi não tem mais
do que 7 centímetros
de comprimento, pesa 600
gramas e é muito fácil de instalar. Bastam 15 minutos, e
o carro só precisa ter a fiação adequada e as saídas de áudio.
As
perspectivas comerciais animam. Com a maturação do negócio e o reconhecimento
da mídia especializada, o Moovi conquistou a aceitação do mercado, projeta
crescimento nas vendas de 30% ao mês e desbrava mercados. Em relação às vendas
para o exterior, a estratégia já está desenhada. "Estamos em contato com
empresas do Uruguai, Venezuela, Argentina e México", conta a dupla da
Noxt. Em tempo: a solução Moovi já desperta o interesse das grandes montadoras
de veículos.